quinta-feira, 22 de março de 2012

A Vila VI - vii

Não gostei da maneira como mudaste o teu discurso. A culpa foi minha?
Não quero afugentar-te, mas também não quero ser uma pessoa que te use. Quero que fiques, quero apenas que fiques.
Espero não estar a ser egoísta neste querer, e a última coisa que quero é voltar a magoar-te.

Não sabia dessa história da Filipa, mas parece-me dela. Não sei, eu nunca te vi com os olhos dos outros, apenas com os meus. E para mim nunca foste mau.
Mas ainda assim gostava de te conhecer ainda melhor.

Tu não tinhas que ser espectacular comigo ou para mim, sabes? Tinhas que ser tu mesmo. Se falhou foi porque assim tinha que ser, não existe culpa nisso.
Tu não falhaste, e eu também não. Isto falando no geral, claro que ambos cometemos erros, eu mais que tu na minha opinião.
E de novo, não tens que me pedir desculpa. Acho que essa falha na minha felicidade está em mim mesma, não nas pessoas que tenho à minha volta, que normalmente são pessoas boas, pelo menos o suficiente para criarmos uma ligação, mas nunca o suficiente para compensar essa falha na minha auto-estima.

Isto de encontrar-mo-nos a nós próprios é uma coisa complicada não é? Mas gostei a tua comparação com o Capitão América, ainda não vi o filme mas pelo que descreveste faz sentido. Mas não percebi a parte de teres mudado quando vieste para a vila. Alguma história que eu deva saber?

Tens razão, posso aceitar ajuda sem ter que seguir as pegadas de ninguém, sendo que o meu objectivo é conhecer-me nunca iria conhecer-me sendo alguém que não sou.
O meu sonho... Já me pareceu tão perto, já me pareceu mais distante. Hoje não sei. Não sei se aquilo que faço no meu dia-a-dia, aquilo pelo qual me movo, a escola, a banda, a minha auto-descoberta, não sei se me vão ajudar ou apenas distrair daquilo que realmente quero. E eu sei que pelo menos isso eu quero.
Ao contrário de ti, sempre quis um menino. Mas achei a tua descrição tão adorável que quase me fez pensar duas vezes!

As minhas amigas sabem tudo, como podes imaginar. Sinceramente, não me importa se vão ou não gostar de ti. Também não faço ideia se vais gostar das pessoas que tenho agora na minha vida, mas de qualquer das formas quero construir uma ponte, e ligar as pessoas que são importantes para mim.
Quero muito que sejas tu a escolher o local. Ainda tens tempo de me conhecer melhor, se até lá não o conseguirmos, ficarei bastante contente com a tua companhia.

Passei a tarde toda na igreja, ainda pensei que pudesses passar por lá, mas vi que não. Aquilo anda mesmo complicado... Era preciso ter a primeira comunhão e o crisma, que não tenho. Quando era miúda queria, mas os meus pais não ligaram muito a isso. E agora não tenho tempo para o fazer, mas espero conseguir fazê-lo de alguma maneira, nem que me comprometa a fazê-lo depois do baptismo. Sugestões?

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