quarta-feira, 22 de março de 2017

Okay, tenho uma coisa que tenho de dizer (e quando temos uma coisa que temos de dizer temos de começar sempre por "Okay", não sei bem porquê).
Dirigir-me-ei directamente a ti porque: primeiro, acho que não está aqui mais ninguém; e segundo, porque a mais ninguém interessa isto que tenho de dizer (se é que a ti interessa de todo).
Isto do tempo há já muitos anos que me incomoda. Ainda era eu mais pequenina do que tu e já andava exactamente como ando agora: sem caminho, sem saber por onde ir ou para onde me virar, e dividida entre querer que o tempo passe e pare. Um paradoxo como os que te ensinei.
Isto tem tudo muita piada para mim, acredita. Roça o ridículo e, ridiculamente, é a única coisa que me acelera o coração no bom sentido. E eu não posso virar as costas a isso, pois não? Mesmo que por agora seja só platónico e mesmo que não venha nunca a ser nada, porque eu posso fartar-me (dizem que os Arianos só gostam desta parte, mas eu acho que sou especial) ou porque, na verdade, tu não queres mesmo. Independentemente, tenho de esperar. Não porque, como dizem os outros, eu "não posso" ou "não devo" ou o caralho que os foda. Tenho de esperar porque te respeito, me respeito e nos respeito, mesmo que nunca passemos disto. Porque na verdade isto que temos é muito, muito bonito. E se nunca passar disto, lembrar-me-ei sempre, e eu sei que digo isto muitas vezes, mas conheço-me bem e sei que é verdade, por isso é que o meu (nosso?) filho vai chamar-se Daniel. Poderia dar o teu nome a minha filha, e porque não? É tão bonito quanto tu. E se for nalguma coisa como tu, serei uma mãe muito orgulhosa, tal como hoje sou professora.
Enfim, ridiculo, como todas as cartas de amor são, ridículas. Um dia espero mostrar-te isto tudo, sei que te faria sorrir e talvez, se te sentisses no mood, gozar um bocadinho comigo como já fazes às vezes.
Há tempos, tinhas destruído todas as minhas esperanças quando eu quis tirar as teimas sem me denunciar. Mas hoje vi os teus olhos iluminarem-se ao ver-me, talvez tanto quanto os meus foram surpreendidos ao ver-te a ti. Confesso que me derreti só de saber que estavas perto e tudo o que não funcionava, passou a funcionar. A professora, que já tinha picado o ponto para a saída, voltou em força, para que me ouvisses por entre as paredes, ensinando apaixonadamente, como faço quando estou contigo.
Tu ensinaste-me a mim a ter paixão por isto que faço. A ser boa nisto que faço. Por ti, para ti, mas não só. Porque tu, e os outros como tu, merecem o melhor de mim. Para que consigamos extrair o melhor de vós. Para que isto tudo não seja igual daqui a 10 ou 20 anos. E se continuares do meu lado, assim ou de outro modo, poderei sempre dizer, orgulhosamente, que chegámos aqui juntas.