quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Suponho que não faças ideia do quanto queria ter-te aqui deitada no meu peito, embrulhada pelos meus braços.
Mas o peito e os braços estão lassos, e há tantas razões por que te quis longe. Esqueço-me e vou-me esquecendo porque o desejo de te ter é mais forte que tudo, embora não saiba exactamente porquê.
Se tu não me amas. Se tu não queres que eu faça parte da tua vida. Se não contas comigo. Se não te importas sequer em ver o meu filme preferido ou enviar-me uma mensagem quando sabes perfeitamente que estou à espera e estou preocupada. Se, estando comigo, estás com outros também. Se me mentes tantas vezes sem ter lei.


Catarina
me mentiu
Muitas vezes, sem ter lei,
E todas lhe perdoei
Por uma só que cumpriu.



Qualquer coisa assim, não é? Já dizia o Camões. E dizia também o Fernando, que para ti deixou de ser Nininho. Talvez devesses chamar-lhe Sr. Pessoa.



Ora a minha Vespa, que aliás será vespa mas não é minha,
(...)
A minha pequena Vespa gosta realmente de mim? Porque é que tem esse gosto estranho pelas pessoas de idade?
(...)
E, conforme prometi, vou escrever ao meu Bebezinho para lhe dizer, pelo menos, que ela é muito má, excepto numa coisa, que é na arte de fingir, em que vejo que é mestra.
(...)
Má, má, má, má, má...!!!!! Açoites é que tu precisas.
(...)
Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e muito teu,


Fernando (Nininho)





Convenço-me, ou tento, de que não estou nem nunca estive verdadeiramente apaixonada por ti e que na verdade é tudo manha do Paco. Mas isso também não é muito melhor.

domingo, 16 de outubro de 2016

Se eu tivesse sabido que aquela seria a única noite em que te teria, nunca me teria permitido adormecer.
Não teria comido tanto nem teria perdido tanto tempo a ver se o Benfica perdia. Não teria desperdiçado tanto tempo a escolher a pasta de dentes perfeita ou as bebidas que nunca bebemos.
Se eu tivesse sabido, teria ficado a noite toda acordada, nem que fosse a ver-te a ti dormir. Abraçava-me a ti, não só já ao amanhecer, mas logo, e assim ficaria até o inevitável toque nos apartar, aparentemente para sempre. Agarrar-me-ia a ti, com todas as forças que ainda me restam, na negação do que o futuro, agora passado, nos traria.
Tenho duas fucking dúzias de anos, uns quantos mais que tu, e carrego muitos arrependimentos já. Contigo, arrependo-me apenas dos momentos em que não te aproveitei, dos beijos que não te dei, das vezes que te empurrei quando aquilo que queria era ficar nos teus braços para sempre.
Amo-te, tanto que suspeito nunca mais vir a amar ninguém, embora o tempo já me tenha provado o contrário e a razão não me deixe mais demorar nessas absurdidades.