terça-feira, 5 de março de 2013

Há uma grande diferença entre não querer e não poder.
Sempre soube que não sabia dançar, a perna mais curta deixava-me em falta. Mas sempre pensei: um dia, quando eu quiser mesmo, vou fechar os olhos, ouvir o ritmo, e não vou desistir até acertar. Entretanto, recusava que os outros me vissem dançar, inventava passos tolos para distrair. Toda a gente dança, diziam. Mas eu não.
E a perna curta encurtou, e a coluna entortou, e as costelas atrofiaram. E dói. Simplesmente dói. Dói e continua a doer, dia após dia, mais e mais.
E eu não danço, nem nunca vou poder dançar. E isso dói ainda mais.
Porque de que me serve tocar piano e falar francês se eu só queria poder dançar?

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