terça-feira, 17 de julho de 2012

Cavalo Negro VII ou Nas Sombras V

Um tiro. O portão abriu-se. Os cascos dos cavalos começaram a ecoar ao longo da pista, qual trovão.
– Lá vão eles!
– Que dia maravilhoso para as corridas! Acreditam que é a primeira vez que venho aqui?
– Chhh – sibilou Sofia.
– Um dia lindo, um desporto maravilhoso – disse Viviana com secura.
– É pena o nosso cavalo não correr tão bem como aquelas poldras, não é, Sofia? Em que lugar irá acabar a puro-sangue Lucinda?
– Eu disse chhh – murmurou Sofia. – Cala essa boca. Isto está cheio de espiões.
– Estás paranóica.
– Sou a última.
Costumavam ser muitas mais – um grupo de mortais, imortais e algumas eternas como a própria Sofia, um eixo de conhecimento, paixão e fé com um único objectivo: devolver o mundo ao seu estado anterior à Queda, àquele breve e glorioso momento anterior à Queda dos anjos, para o melhor e para o pior.
Estava escrito no código que tinham elaborado e assinado: Para o melhor e para o pior.
– A tua hora chegou ao fim – disse-lhe a voz ao ouvido. – Não te atrevas a pôr-te no meu caminho.
Na pista ouviu -se outro tiro e o grande portão abriu-se de novo, só que daquela vez o som dos cascos parecia minúsculo, parecia uma chuva fininha a cair na copa de umas árvores. Antes que os cavalos atravessassem a linha de meta, a figura atrás deles desapareceu, deixando apenas as marcas negras de uns cascos nas pranchas da bancada.

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