terça-feira, 29 de março de 2016

Por esta casa onde eu vivo há duas fucking dúzias de anos já passaram muitos meninos e muitas meninas. Estas paredes já me viram chorar Fredericos, Danieis, Gustávos, Joões, Paulos, Martas, Ritas, Tatianas. Amanhã as minhas paredes despedem-se de mais alguém.
Não sei se me apanhaste, és esperta o suficiente para o fazer, mas duvido que te tenhas dado ao trabalho. Se me estás a ler então já não me apanhas, mas se me vais ler ainda então ficas já a saber.
Não posso fazer isto, estou a enganar-me a mim própria e a adiar o inevitável. Ambas sabemos que isto não vai a lado nenhum, e enquanto para ti está tudo bem, eu sinto que engoli uma garrafa de ácido.
Deixo-me ir outra e outra vez numa mistura inebriante do teu toque e do teu cheiro mas sei, algures nos confins de mim, que é apenas a memória olfactiva que espoleta tudo isto.
Convenço-me, ou tento, de que não estou nem nunca estive verdadeiramente apaixonada por ti e que na verdade é tudo manha do Paco.
Espero que dure até amanhã, que os meus pés não congelem durante a noite e que a minha vagina me perdoe.

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