sábado, 22 de junho de 2013

Só tu, meu bem, me arrebatas
A vontade, o pensamento
Vivo de ver-te e de amar-te,
E detesto o fingimento


Vai sempre avante a paixão,
Buscando seu doce fim
Os amantes são assim:
Todos fogem à razão


Um tímido pudor activos fogos
Contrariava em vão, em vão retinha
Ignotos medos, sôfregos desejos
Suspensa e curiosa, eu esperava
 

Por entre a chuva de mortais peloiros
A nua fronte enriquecer de loiros
Eu procuro, eu desejo,
Para teus mimos desfrutar sem pejo,
Pois quem deste esplendor se não guarnece,
Não é digno de ti, não te merece


Dos homens ignoras
A índole errante?
Quem é muito amado
Não é muito amante


Amor em sendo ditoso
Costuma ser imprudente,
E nos gestos de quem ama
Logo o vê quem o não sente.
 


Meus pensamentos se apuram,
Apuram-se os meus desejos
No ténue filtro celeste
De teus espontâneos beijos.
 

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