quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

não me lembro da última vez que vi a minha vida cheia de luz. mentira. lembro-me. não estava sóbria. mas lembro-me daquela sensação tão apaziguadora que senti. tudo fazia sentido, mesmo sem ter plena consciência de como. a maneira como a luz do sol torna o céu azul decadente, como a brisa fazia as folhas das árvores se agitarem umas contra as outras provocando o som, e na minha cabeça era como se estivessem a cantar, o ar que se tornava lentamente mais frio com a subida do anoitecer, como eu sentia que tinha tudo bem ali à minha volta, o verão, o vento, um canto escondido, o odor agradável da relva seca, o barulho dos insectos que reclamam do calor, tu. nada daquilo teria sido igual se tu não estivesses ali. a minha vida estava cheia de luz. não dizíamos nada. as nossas almas reproduziam um canto maravilhoso, lúcido de amor.

Ou seja, o mesmo que dizer fode-te, puta. Tens razão, mas não to digo já. Por enquanto eu sinto, tu escreves.

5 comentários:

  1. o amor é a porta . sempre.

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  2. qualquer lugar. qualquer estado de espírito. é a nossa força, o nosso professor, a nossa casa.

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  3. É melhor fechar a porta senão entra corrente de ar e a gente constipa-se.

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  4. X)
    podemos ficar aconchegadas dentro da nossa casa, meu amor. no entanto a vida está lá fora. e esta porta não dá para um sítio fechado

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