Foi num dia diferente, ou especial talvez. Pela primeira vez todos os meninos se sentaram em volta da mesa grande com os materiais na mão.
O objectivo era simples, fazer um porta-chaves com a inicial do pai de cada um para oferecer no Dia do Pai - P de papá, que ironia.
Exactamente um ano depois a mesma situação dispôs-se perante nós, com uma pequena diferença. Já não era a inicial mas sim aquilo que nos apetecesse, especialmente criado por cada um de nós para o nosso pai.
Ingenuamente pensei que um A e um I formavam a palavra pai. É verdade, não é? Gramaticamente falando.
E com todo o meu pequeno coração desenhei um A para continuar a colecção de porta-chaves do meu pai, com esperanças de no ano a seguir oferecer-lhe o I e completar a palavra, pai.
Ontem, remexendo nas gavetas, encontrei-os. O P e o A: pa.
Se o I nunca existiu porque nunca o foi ou se nunca o foi porque nunca houve um I eu não sei. No entanto parece-me um pouco duro ignorar uma criança de cinco anos por não saber soletrar...
Penso, cá para mim, que o I existe, algures no tempo. Acho que está à espera que esse papel seja cumprido e que tu o mereças, pa.
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