Por esta casa onde eu vivo há duas fucking dúzias de anos já passaram muitos meninos e muitas meninas. Estas paredes já me viram chorar Fredericos, Danieis, Gustávos, Joões, Paulos, Martas, Ritas, Tatianas. Amanhã as minhas paredes despedem-se de mais alguém.
Não sei se me apanhaste, és esperta o suficiente para o fazer, mas duvido que te tenhas dado ao trabalho. Se me estás a ler então já não me apanhas, mas se me vais ler ainda então ficas já a saber.
Não posso fazer isto, estou a enganar-me a mim própria e a adiar o inevitável. Ambas sabemos que isto não vai a lado nenhum, e enquanto para ti está tudo bem, eu sinto que engoli uma garrafa de ácido.
Deixo-me ir outra e outra vez numa mistura inebriante do teu toque e do teu cheiro mas sei, algures nos confins de mim, que é apenas a memória olfactiva que espoleta tudo isto.
Convenço-me, ou tento, de que não estou nem nunca estive verdadeiramente apaixonada por ti e que na verdade é tudo manha do Paco.
Espero que dure até amanhã, que os meus pés não congelem durante a noite e que a minha vagina me perdoe.
terça-feira, 29 de março de 2016
sábado, 5 de março de 2016
Cada vez que iniciamos uma nova relação demoramos algum tempo a acostumar-nos, a habituar-mo-nos ao novo toque, ao novo beijo, ao novo cheiro.
Mas desta vez há algo de estranhamente familiar que senti logo a primeira vez que a minha pele tocou na dela: uma familiarização que me indica que estamos simplesmente a pegar onde nos tínhamos deixado apesar de nunca antes nos termos visto.
E como puxada pelo mais poderoso íman de toda a história do universo beijo-a, bebo-a, como se de um hábito antigo se tratasse.
E apesar de todos os travões que lhe tentamos e tentaram colocar, as mãos suadas e o frio na barriga dirigiram-nos nesta direcção absolutamente inegável.
E apesar de algo algures nos confins de nós próprias nos ter eventualmente repelido, facilmente percebemos que era essa exactamente a razão pela qual não deveríamos nunca, nunca mais apartar-nos, fosse como fosse.
E nunca um 'amo-te' me tinha sido tão subtilmente arrancado, leve como um suspiro, tão verdade que nem todas as minhas forças foram capazes de o conter.
Não sei onde é que isto vai finalmente terminar, mas não pude deixar de me atirar de cabeça, tal como ela, pois oportunidades destas só nos são tão naturalmente oferecidas uma vez na vida.
Mas desta vez há algo de estranhamente familiar que senti logo a primeira vez que a minha pele tocou na dela: uma familiarização que me indica que estamos simplesmente a pegar onde nos tínhamos deixado apesar de nunca antes nos termos visto.
E como puxada pelo mais poderoso íman de toda a história do universo beijo-a, bebo-a, como se de um hábito antigo se tratasse.
E apesar de todos os travões que lhe tentamos e tentaram colocar, as mãos suadas e o frio na barriga dirigiram-nos nesta direcção absolutamente inegável.
E apesar de algo algures nos confins de nós próprias nos ter eventualmente repelido, facilmente percebemos que era essa exactamente a razão pela qual não deveríamos nunca, nunca mais apartar-nos, fosse como fosse.
E nunca um 'amo-te' me tinha sido tão subtilmente arrancado, leve como um suspiro, tão verdade que nem todas as minhas forças foram capazes de o conter.
Não sei onde é que isto vai finalmente terminar, mas não pude deixar de me atirar de cabeça, tal como ela, pois oportunidades destas só nos são tão naturalmente oferecidas uma vez na vida.
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